O Pantanal brasileiro, reconhecido como a maior planície alagável do mundo, enfrenta em 2024 uma crise ambiental sem precedentes. A redução drástica das áreas alagadas e a extensão dos períodos de seca têm propiciado incêndios de grandes proporções, ameaçando a biodiversidade e a subsistência das comunidades locais.
Dados recentes do MapBiomas revelam que, em 2024, a área alagada do Pantanal foi de apenas 3,3 milhões de hectares, uma redução de 38% em relação a 2018, quando a inundação cobriu 5,4 milhões de hectares. Essa diminuição das cheias, aliada a secas mais prolongadas, cria um ambiente propício para incêndios intensos e de difícil controle.
Especialistas apontam que a alteração no ciclo hidrológico do Pantanal está diretamente relacionada às mudanças climáticas e ao uso intensivo do solo para atividades agropecuárias. A substituição da vegetação nativa por pastagens e áreas agrícolas, especialmente no planalto da Bacia do Alto Paraguai, tem impactado negativamente a dinâmica das águas, contribuindo para a escassez hídrica e, consequentemente, para a intensificação dos incêndios.
Em 2024, os incêndios no Pantanal atingiram níveis alarmantes. Até agosto, mais de 1,22 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo, com 14.359 focos de incêndio registrados nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, número quatro vezes superior ao do mesmo período em 2023. A situação levou o estado de Mato Grosso do Sul a decretar “situação de emergência”, com grandes queimadas próximas a cidades como Corumbá.
A comunidade científica e ambientalistas alertam que, sem medidas eficazes de conservação e manejo sustentável, o Pantanal pode estar se aproximando de um “ponto de não retorno”, onde os danos ao ecossistema seriam irreversíveis. A preservação desse bioma é crucial não apenas para a manutenção da biodiversidade, mas também para o equilíbrio climático e a qualidade de vida das populações que dele dependem.