A preservação dos biomas do Pantanal e Cerrado, que se encontram no estado de Mato Grosso, é um desafio contínuo. Em 2024, diversas políticas públicas e legislações foram colocadas em prática para proteger essas regiões ricas em biodiversidade, mas a implementação dessas leis enfrenta obstáculos complexos.
A Lei do Pantanal, que entrou em vigor em 2024, é um marco importante para a proteção desse bioma, considerado a maior planície alagada do mundo. A legislação foi amplamente debatida, buscando um equilíbrio entre preservação e desenvolvimento econômico. Ela permite, por exemplo, o uso de áreas de preservação permanente (APPs) para atividades como pecuária extensiva e ecoturismo, desde que respeitem parâmetros de sustentabilidade. No entanto, críticos apontam que essa flexibilização pode causar impactos negativos à biodiversidade, caso não haja uma fiscalização eficaz e restrições claras para evitar a degradação ambiental.
Para o bioma Cerrado, a situação é igualmente preocupante. Embora o Cerrado seja essencial para a regulação dos recursos hídricos e abrigo para diversas espécies, ele não conta com uma proteção tão abrangente quanto a Amazônia ou o Pantanal. A principal política de preservação do Cerrado em Mato Grosso está ligada ao Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que visa ordenar o uso do solo, mas há lacunas que permitem a expansão agrícola, especialmente para a soja e outras culturas, que continuam a avançar sobre áreas.
Um dos maiores desafios enfrentados na preservação de ambos os biomas é a fiscalização. Mesmo com legislações em vigor, a infraestrutura e os recursos para monitoramento são limitados. Para lidar com isso, Mato Grosso tem investido em tecnologias de monitoramento via satélite, que ajudam a detectar atividades ilegais de desmatamento em tempo real. Ainda assim, a expansão da pecuária e do agronegócio, somada à falta de incentivos para alternativas econômicas sustentáveis, dificulta a aplicação eficaz das leis ambientais.
Outro ponto de destaque em 2024 é o Estatuto do Pantanal, aprovado no Senado Federal. O estatuto estabelece diretrizes claras para a conservação do bioma, com foco na criação de áreas de preservação, no combate ao desmatamento e no incentivo a práticas agrícolas de baixo impacto. No entanto, a aplicação dessas diretrizes dependerá de uma cooperação efetiva entre o governo federal, estados e municípios, além da participação ativa da sociedade civil.