Durante a 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16), realizada em Cali, Colômbia, o Brasil apresentou a versão atualizada do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, conhecido como Planaveg 2.0. O plano mantém a ambiciosa meta de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, reafirmando o compromisso do país com a conservação da biodiversidade e o combate às mudanças climáticas.
Especialistas veem o Planaveg 2.0 como uma oportunidade para impulsionar a implementação do Código Florestal, legislação que estabelece diretrizes para a preservação e recuperação de áreas degradadas. Marcelo Elvira, secretário-executivo do Observatório do Código Florestal, expressou otimismo com a iniciativa, destacando a necessidade de colaboração entre os governos federal e estaduais para o sucesso do plano. No entanto, desafios persistem, como o passivo ambiental de 20,7 milhões de hectares de vegetação nativa em propriedades privadas que precisam ser recuperados para atender às exigências legais.
A execução eficaz do Planaveg 2.0 requer coordenação entre diferentes níveis de governo, setores da sociedade e mecanismos financeiros robustos. Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, enfatizou a importância de uma governança inclusiva e participativa, além do engajamento ativo das comunidades locais, respeitando seus conhecimentos tradicionais e promovendo benefícios diretos. A integração da restauração com o desenvolvimento socioeconômico é vista como crucial para reduzir desigualdades e promover a segurança alimentar.
Apesar dos avanços, a COP16 terminou sem um consenso sobre a mobilização de recursos financeiros para a biodiversidade, evidenciando a necessidade de esforços contínuos para garantir o financiamento adequado das iniciativas de conservação. A criação do Fundo de Cali, destinado a remunerar povos indígenas e comunidades locais pelo conhecimento tradicional sobre biodiversidade, foi um dos progressos alcançados. No entanto, a implementação efetiva do Planaveg 2.0 dependerá de uma articulação sólida entre os diversos atores envolvidos e do comprometimento político para superar os desafios existentes.