A IA revoluciona indústrias e promete soluções para a crise climática, mas, em contrapartida, seu voraz apetite por energia e recursos naturais levanta questões urgentes sobre a sustentabilidade da inovação. Nesse contexto, um mergulho profundo nos desafios energéticos da Inteligência Artificial e Sustentabilidade revela um dilema complexo e a necessidade de ações concretas para um futuro mais verde. Surge então o “Climate Neutral Data Centre Pact”, iniciativa auto-regulamentada inédita da indústria de data centers, com 54 operadoras e 22 associações, como um guia detalhado e um compromisso histórico para a ação.
A inteligência artificial (IA) emergiu como tecnologia definidora do século XXI, impulsionando avanços em áreas diversas, como saúde, finanças, transporte e meio ambiente. De fato, sua capacidade de processar dados, aprender padrões e automatizar tarefas oferece um potencial transformador sem precedentes. Entretanto, essa revolução tecnológica tem um custo oculto: o consumo energético massivo torna-se uma preocupação ambiental crítica para a Inteligência Artificial e Sustentabilidade.
1. O potencial verde da IA: ferramenta poderosa para a sustentabilidade – digitalização a serviço da descarbonização
É inegável o potencial da Inteligência Artificial e Sustentabilidade para impulsionar a sustentabilidade. Nesse sentido, fontes como Olhar Digital [1] e 123Ecos [5] mostram a IA aplicada em monitoramento de desmatamento e otimização de recursos naturais. Ademais, o “Climate Neutral Data Centre Pact” enfatiza que data centers “desempenham papel fundamental na descarbonização do sistema energético da Europa, permitindo energias renováveis na rede, serviços de sistema livres de carbono e recuperação de calor” [7]. O Pacto declara ainda que a Inteligência Artificial e Sustentabilidade “apoia a descarbonização pela digitalização e garante economia global com tecnologias avançadas para inovar e crescer sustentável” [7].
Para ilustrar, algoritmos de IA analisam dados de satélites, drones e sensores em tempo real para monitorar desmatamento, poluição, oceanos e biodiversidade, permitindo respostas rápidas [1]. Além disso, modelos de IA preveem eventos climáticos extremos com precisão, auxiliando na preparação [1]. Na agricultura e indústria, por exemplo, a IA otimiza recursos e melhora a eficiência energética [5]. A Inteligência Artificial e Sustentabilidade acelera também a descoberta de materiais e energias sustentáveis e otimiza cidades inteligentes [5].
2. A Pegada de carbono oculta da IA: o alto custo do treinamento e operação – data centers no centro do debate e da solução
Apesar do potencial verde da Inteligência Artificial e Sustentabilidade, a IA atual consome muita energia. Nesse contexto, artigos da Deutsche Welle (DW) [3], UOL Tilt [2] e PNUMA [4], juntamente com estudo da PUC Goiás [6], alertam para o impacto ambiental da IA, especialmente consumo energético e emissões de GEE. Nesse sentido, o “Climate Neutral Data Centre Pact” reconhece data centers como centrais, afirmando que são “ativos tangíveis onde nuvem e internet vivem e usuários acessam serviços” [7]. O Pacto ressalta ainda que data centers “tornaram-se base da sociedade moderna e economia global” e, como operadores, “atribuem alta importância à sustentabilidade, eficiência energética, energia limpa, confiabilidade e segurança” [7].
Em detalhe, estudo da PUC Goiás explicita que treinar modelos de IA, LLMs e Deep Learning, é intensivo em computação, exigindo hardware e energia [6]. Data centers, verdadeiras “fábricas de IA”, consomem eletricidade para servidores, refrigeração e infraestrutura [3].
2.1. Números alarmantes e o crescente consumo:
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Consumo 33 vezes maior: Conforme estudo da PUC Goiás [6], citando Dra. Luccioni, IA generativa consome até 33 vezes mais energia que máquinas para tarefas específicas.
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Emissões equivalentes a carros: De acordo com DW [3] e estudo da PUC Goiás [6], treinar um modelo de linguagem grande gera emissões como cinco carros em toda a vida útil, que citam Strubell et al. (2019).
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Data centers: 2% do consumo global e crescendo: Segundo estudo da PUC Goiás [6], referenciando Smith et al. (2022), data centers já consomem 2% da energia global, e a expansão da Inteligência Artificial e Sustentabilidade aumenta essa porcentagem. Em contrapartida, o “Climate Neutral Data Centre Pact” reconhece que “data centers e TIC limitaram a demanda de eletricidade com eficiência energética” [7], mas admite que “a demanda por serviços digitais deve crescer rapidamente” [7].
Além disso, estudo da PUC Goiás também destaca emissão de GEE como principal impacto ambiental do treinamento de IA, devido à dependência de energia não renovável [6]. Outrossim, resfriar servidores em data centers usa muita água, com impacto ambiental [4]. Nesse contexto, o “Climate Neutral Data Centre Pact” aborda o uso da água, comprometendo-se a “priorizar a conservação da água e definir metas de eficiência hídrica” [7]. O Pacto propõe, ademais, métrica WUE para medir e regular o uso da água em data centers, considerando clima, disponibilidade e tipo de água [7].
3. Lixo eletrônico e o ciclo de vida do hardware – rumo à economia circular e à extensão da vida útil
Ademais, além do consumo de energia e água, hardware para Inteligência Artificial e Sustentabilidade contribui para o impacto ambiental [2]. Em particular, obsolescência rápida, demanda por chips potentes e reciclagem complexa geram lixo eletrônico tóxico [2]. Nesse sentido, o “Climate Neutral Data Centre Pact” reconhece a importância da economia circular, afirmando que signatários “visam economia circular” [7] e focam em “reparar e reutilizar equipamentos” [7]. O Pacto admite, no entanto, que “aumentar o reparo e reutilização de servidores pode exigir reavaliação de políticas de economia circular” [7].
4. Estratégias para uma IA mais sustentável: rumo a um futuro verde – o “Climate Neutral Data Centre Pact”
Apesar dos desafios, a Inteligência Artificial e Sustentabilidade pode ser sustentável. Para tanto, fontes como PUC Goiás [6] e “Climate Neutral Data Centre Pact” [7] apontam estratégias para mitigar o impacto ambiental da IA. Nesse sentido, o “Climate Neutral Data Centre Pact” se apresenta como “Iniciativa Auto-Regulamentada” com “metas ambiciosas” para “facilitar transição verde da Europa” [7]. O Pacto detalha, além disso, “Call to Action” para a Comissão Europeia e Estados-Membros [7]:
4.1. Eficiência algorítmica e hardware otimizado:
Primeiramente, desenvolver algoritmos eficientes e investir em hardware como GPUs e TPUs são cruciais [6]. Nesse ponto, estudo da PUC Goiás [6] e “Climate Neutral Data Centre Pact” [7] concordam com otimizações. O Pacto incentiva, por exemplo, “pesquisa e investimento em tecnologias de eficiência para o setor de TIC”, incluindo “DCIM orientados por IA, resfriamento líquido direto e recuperação de calor” [7].
4.2. Energia renovável e data centers sustentáveis: metas mandatórias e transparência:
Em segundo lugar, transição para renováveis é fundamental [3]. Nesse sentido, o “Climate Neutral Data Centre Pact” estabelece metas ambiciosas: “eletricidade de data center suprida por 75% renovável ou livre de carbono até 2025 e 100% até 2030” [7]. O Pacto incentiva também “compra de energia limpa” e pede que Estados-Membros “estabeleçam metas para descarbonização do suprimento de eletricidade” [7]. O Pacto solicita ainda “disposições mais fortes na Diretiva de Energia Renovável para aquisição corporativa de energia limpa” e “apoio para espaço de dados de rede inteligente para aplicações DCIM” [7].
4.3. Computação em nuvem inteligente e armazenamento inovador:
Outrossim, otimizar computação em nuvem para eficiência energética [6]. O Pacto incentiva, ademais, “adoção de computação em nuvem para otimizar consumo de energia em data centers” [7]. Não obstante, explorar armazenamento óptico 3D é crucial [6].
4.4. Aprendizado federado e distribuído:
Similarmente, adotar aprendizado federado e distribuído reduz demanda por data centers centralizados [6].
4.5. Políticas e regulamentações e o papel central do “Climate Neutral Data Centre Pact”:
Além disso, implementar políticas e regulamentações é essencial [5]. Nesse sentido, o “Climate Neutral Data Centre Pact” apresenta “recomendações de políticas” para a UE, solicitando que a Comissão Europeia “assegure que diretrizes de Compras Públicas Verdes e Taxonomia Sustentável reconheçam a Iniciativa Auto-Regulamentada Climate Neutral Data Centre como padrão de sustentabilidade” [7]. O Pacto pede também que Estados-Membros “incluam a Iniciativa Auto-Regulamentada em aquisições nacionais” e “exijam que novos data centers públicos ou modernizações atendam aos requisitos da Iniciativa” [7]. O Pacto solicita ainda “apoio financeiro para PMEs de data centers signatárias” e que Estados-Membros “usem sobretaxas de energia renovável para incentivar compra de energia renovável” [7].
4.6. Conservação da água e gestão hídrica sustentável: métricas e diretrizes:
Em relação à água, o “Climate Neutral Data Centre Pact” enfatiza conservação [7]. Para tanto, o Pacto propõe métrica WUE para regular uso da água, considerando clima, disponibilidade e tipo de água [7]. O Pacto pede que a Comissão Europeia “agilize reutilização de água industrial e não potável, desenvolvendo orientações para Estados-Membros” e “realize avaliações de risco de bacias hidrográficas em toda a Europa” [7].
4.7. Economia circular e reutilização de calor: incentivos e reconhecimento:
Finalmente, o “Climate Neutral Data Centre Pact” incentiva reutilização de calor e reciclagem de eletrônicos [7]. O Pacto pede que Estados-Membros “reconheçam calor reutilizado como fonte de energia” e “promulguem política para indústrias intensivas em energia buscarem recuperação de calor” [7]. O Pacto solicita também que Estados-Membros “evitem políticas que inibam economia circular” e “apoiem princípios da economia circular” [7].
5. Inteligência artificial e o Pacto de Paris: uma aliança necessária para um futuro climático sustentável?
A Inteligência Artificial (IA) emerge, portanto, como força transformadora com potencial para acelerar o Pacto de Paris, oferecendo ferramentas para mitigação e adaptação climática. Contudo, o consumo energético da IA e data centers representam desafio urgente para garantir que a tecnologia seja aliada, e não obstáculo, aos objetivos climáticos globais.
Nesse cenário, o “Climate Neutral Data Centre Pact”, com neutralidade climática para data centers até 2030, é contribuição setorial importante para o Pacto de Paris. Ao buscar a descarbonização da infraestrutura da IA, o Pacto alinha a tecnologia à necessidade urgente de reduzir emissões de GEE, pilar do acordo climático.
A sinergia entre Inteligência Artificial e Sustentabilidade e Pacto de Paris reside, desse modo, na capacidade da IA de otimizar ação climática, enquanto o “Climate Neutral Data Centre Pact” busca IA sustentável. Para que a IA seja, de fato, aliada climática e cumpra o Pacto de Paris, a sustentabilidade deve integrar desenvolvimento e implantação da IA, de algoritmos eficientes a infraestruturas verdes e políticas públicas responsáveis.
O Pacto de Paris estabelece, em suma, caminho ambicioso para limitar aquecimento global. A Inteligência Artificial, quando desenvolvida e utilizada de forma sustentável, tem o potencial de ser catalisador crucial nessa jornada, acelerando economia de baixo carbono e fortalecendo capacidade global de enfrentar desafios climáticos. Assim, o “Climate Neutral Data Centre Pact” representa passo importante, demonstrando que a indústria da IA busca futuro climático seguro e sustentável, alinhado ao Pacto de Paris.
6. O imperativo da ação: um futuro sustentável para a IA – o chamado urgente do “Climate Neutral Data Centre Pact” e da indústria
A inteligência artificial não é inerentemente inimiga do meio ambiente. Seu impacto futuro dependerá, portanto, das escolhas de hoje. É crucial, desse modo, reconhecer desafios energéticos da Inteligência Artificial e Sustentabilidade e agir para mitigar riscos ambientais. Nesse sentido, o “Climate Neutral Data Centre Pact” demonstra que a indústria de data centers lidera o caminho para um futuro sustentável da IA.
Em conclusão, estudo da PUC Goiás [6] e “Climate Neutral Data Centre Pact” [7] concordam que otimização energética, renováveis, conservação de recursos, economia circular e políticas públicas são essenciais para Inteligência Artificial e Sustentabilidade verde. A colaboração entre governos, indústria, academia e sociedade civil é fundamental para inovar em IA e proteger o meio ambiente. Investimentos em tecnologias sustentáveis, incentivos, regulamentações e iniciativas como o “Climate Neutral Data Centre Pact” são passos essenciais para garantir futuro sustentável da IA. Caso contrário, a revolução da IA pode se tornar crise ambiental silenciosa. “Estamos orgulhosos de ter dado passos proativos para economia neutra para o clima. Esperamos diálogo com a UE sobre recomendações de políticas”, finaliza o “Climate Neutral Data Centre Pact” [7].
Fontes:
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Olhar Digital: https://olhardigital.com.br/2023/09/04/pro/ia-amiga-ou-inimiga-do-meio-ambiente/
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UOL Tilt/Deutsche Welle: https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/deutschewelle/2023/08/09/como-a-inteligencia-artificial-prejudica-o-meio-ambiente.htm
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DW.com: https://www.dw.com/pt-br/como-a-intelig%C3%AAncia-artificial-prejudica-o-meio-ambiente/a-66475717
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123Ecos: https://123ecos.com.br/docs/impactos-da-ia-na-sustentabilidade/
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PUC Goiás:DESAFIOS ENERGÉTICOS EM TREINAMENTO DE MODELOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/7901/1/DESAFIOS%20ENERG%C3%89TICOS%20EM%20TREINAMENTO%20DE%20MODELOS%20DE%20INTELIGENCIA%20ARTIFICIAL.pdf
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Climate Neutral Data Centre Pact: [https://www.climateneutraldatacentre.net/wp-content/uploads/2023/02/221213_Self-Regulatory-Initiative.pdf](https://www.climateneutraldatacentre.net/