O impacto crescente da mineração ilegal
O garimpo ilegal já destruiu quase 14 mil hectares de Unidades de Conservação (UCs) na Amazônia. Além disso, entre setembro e outubro de 2024, as atividades desmataram 462 hectares, conforme dados do Greenpeace Brasil. Essa área, que equivale a 462 campos de futebol, representa uma ameaça severa às regiões protegidas. As UCs mais atingidas estão na divisa entre os estados do Pará e Amazonas, especialmente nas bacias dos rios Tapajós, Crepori, Jamanxim, Maués-Açu e Abacaxis. Nesse contexto, essas áreas se tornaram a nova fronteira do desmatamento na Amazônia.
Na Floresta Nacional do Amanã, no Pará, o garimpo devastou 102,86 hectares. Por outro lado, na Estação Ecológica do Alto Maués, no Amazonas, a destruição atingiu 47,89 hectares, mesmo com seu status de proteção integral. Esses números, portanto, demonstram o avanço contínuo de uma atividade que compromete a biodiversidade e coloca comunidades indígenas e tradicionais em risco.
O cenário político e os desafios de fiscalização
Políticas ambientais permissivas agravaram o problema. Em dezembro de 2024, o estado do Mato Grosso, por exemplo, aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe a criação de novas UCs até que 80% das atuais sejam regularizadas. Como resultado, esse processo, que pode levar mais de uma década, dificulta a proteção de novas áreas e favorece o garimpo. Além disso, mais de 78% do desmatamento em 2024 na Amazônia mato-grossense ocorreu sem autorização. Nesse cenário, 7,6% desse total atingiu UCs e Terras Indígenas.
Jorge Eduardo Dantas, coordenador da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, enfatiza que o garimpo representa um dos maiores vetores de destruição da Amazônia. “É imprescindível reforçar o combate a essa atividade ilegal, que ameaça rios, biodiversidade e as comunidades tradicionais”, declara.
Consequências ambientais e sociais
O garimpo provoca danos que vão além do desmatamento. Por exemplo, os garimpeiros utilizam mercúrio para extrair ouro, contaminando os rios e afetando a saúde das populações locais e da fauna aquática. Além disso, essa atividade destrói habitats essenciais e coloca em risco espécies ameaçadas de extinção. O aumento do preço do ouro e a fiscalização insuficiente também impulsionam o crescimento do garimpo, que expande suas operações dentro de áreas protegidas.
Caminhos para a preservação
Para conter o avanço do garimpo, as autoridades precisam fortalecer a fiscalização e aplicar rigorosamente as leis ambientais. Além disso, é necessário promover alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades locais. Por fim, proteger as Unidades de Conservação é essencial para preservar a biodiversidade e garantir os serviços ecossistêmicos que a Amazônia proporciona. Esses esforços desempenham um papel vital no equilíbrio ambiental e climático global.