A SEMA/MT (Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso) notificou o G.R.A.D. (Grupo de Resposta a Animais em Desastres) para que afaste os pontos de água (cochos para dessedentação animal) 50 m da Estrada Parque Transpantaneira. Segundo fontes, essa ordem visa apenas dificultar o trabalho do G.R.A.D., que recentemente conseguiu na justiça o direito de permanecer atuando na Transpantaneira, ao contrário do que pretendia o Governo do Estado de Mato Grosso/MT, que entende que esse esforço “…é um desperdício de dinheiro e pessoal”.
Problemas oriundos da movimentação dos cochos
- Logística
O G.R.A.D. instalou cochos para dessedentação animal em vários pontos da Transpantaneira, com a finalidade de mitigar a falta de ação da SEMA/MT. Os pontos foram escolhidos depois de exaustivos estudos e monitoramento dos animais, em conjunto com o ICMBIO e IBAMA.
O problema da movimentação desses pontos é, primeiro, de logística, com os ponto a 50m da Transpantaneira os volutários passam ter mais dificuldade em abastecer esses cochos, o que é feito periodicamente. O procedimento é custoso e trabalhoso, já com os cochos onde estão. Os volutários precisam ir até um ponto de água, encher um recipiente de 2 mil litros que fica em cima de uma camionete, depois ir a cada cocho para lavá-los e, depois, abastece-los. Isso é um árduo trabalho que dura o dia todo. Tudo isso fica mais complexo e trabalhoso por conta dessa exigência da SEMA/MT.
- Perigo para os voluntários
Quanto mais dentro da mata os pontos de dessedentação, mais os voluntários correm risco de serem atacados por animais selvagens, como onças e búfalos.
Motivos alegados pela SEMA/MT
A SEMA/MT, em nota para redação do LupaMT alegou que:
“A Sema esclarece que se baseia em evidências técnicas que atendam às necessidades dos animais silvestres. A medida é necessária para evitar o aumento dos atropelamentos na Estrada Parque Transpantaneira.”.
O argumento do órgão estadual é frágil, já que os cochos antrópicos contruídos pelo Estado de Mato Grosso ficam, no máximo, 20m da Transpantaneira, como podemos ver pelas imagens:
Atropelamentos na Estrada Parque Transpantaneira, uma realidade triste
É verdade que, infelizmente, ocorrem muitos atropelamentos na Transpantaneira, especialistas do IBAMA consultados pela redação afirmam que os atropelamentos não são ocasionados nem pelos cochos colocados pelo G.R.A.D., tampouco pelos cochos antrópicos construídos pelo Estado de MT, e sim pelo excesso de velocidade na via. Com uma sinalização precária, a Estrada Parque é palco de verdadeiros ralis, onde veículos atingem velocidades acima de 100km/h. A via, poucos sabem, tem como limite 40km/h.
O Alerta do Ministério Público
O Ministério Público de Mato Grosso recomendou à SEMA-MT uma postura mais ativa para garantir o fornecimento de água aos animais. Segundo o órgão, “a interrupção das ações gera uma situação de extrema vulnerabilidade para a fauna, que depende desses pontos de dessedentação”. Em audiência, representantes do MP afirmaram que “as medidas adotadas pelo Estado foram insuficientes para mitigar os impactos da seca”, exigindo um esforço coordenado entre todos os atores envolvidos.