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Centro-Oeste: “celeiro” do mundo pede socorro

Centro-Oeste: "celeiro" do mundo pede socorro

A crescente instabilidade climática tem provocado impactos severos na disponibilidade de água no Centro-Oeste do Brasil, região estratégica para a agropecuária e geração de energia. O estudo “Mudanças Climáticas e Recursos Hídricos no Brasil” (2024), da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), aponta que essa região pode sofrer reduções significativas na oferta hídrica, comprometendo tanto o abastecimento humano quanto as atividades produtivas.

Redução na Disponibilidade de Água no Centro-Oeste

O estudo revela que o Centro-Oeste enfrenta uma tendência preocupante de redução nas chuvas e aumento na evapotranspiração. Como resultado, os impactos na segurança hídrica da região podem ser severos. De acordo com os dados analisados, a bacia do Rio Paraguai e do Araguaia-Tocantins podem registrar quedas superiores a 30% na disponibilidade hídrica até 2040. “As projeções indicam que o déficit hídrico pode comprometer a manutenção de atividades agrícolas e ecossistemas aquáticos”, alerta o relatório.

A relação entre a redução da disponibilidade hídrica e o aumento da evapotranspiração pode ser observada na figura abaixo:

Os valores do eixo vertical esquerdo representam a evapotranspiração potencial em milímetros por ano (mm/ano), indicando a quantidade de água perdida para a atmosfera por meio da evaporação direta e da transpiração das plantas. Já o eixo direito mostra a disponibilidade hídrica percentual, refletindo a redução esperada nos recursos hídricos até 2040. Dessa forma, é possível visualizar a correlação entre ambos os fatores:

  • 1800 mm/ano em 2020Redução de disponibilidade hídrica: 100%
  • 2100 mm/ano em 2030Redução de disponibilidade hídrica: 80%
  • 2400 mm/ano em 2040Redução de disponibilidade hídrica: 65%

Os gráficos do estudo mostram que a evapotranspiração potencial tende a crescer significativamente na região. Nos piores cenários de emissões, os valores podem ultrapassar 2400 mm anuais. Como consequência, essa condição intensifica o déficit hídrico, pois a perda de umidade do solo e da vegetação será maior, reduzindo ainda mais a água disponível.

Impactos na Agricultura e na Economia

O setor agropecuário, motor da economia do Centro-Oeste, pode ser um dos mais afetados pelas mudanças hídricas. Por isso, os especialistas alertam para os riscos da falta de chuvas prolongadas. A intensificação da seca e a redução no volume dos rios e aquíferos elevam os custos da irrigação e comprometem a produtividade agrícola. “As projeções indicam um risco elevado de perda de produtividade em cultivos como soja e milho, especialmente no Mato Grosso e em Goiás”, destaca o estudo.

Além do agronegócio, o setor energético também poderá ser impactado. A menor vazão dos rios compromete a geração hidrelétrica, pressionando o sistema elétrico e aumentando os custos da energia. Dessa forma, regiões abastecidas por hidrelétricas no Tocantins e Mato Grosso do Sul poderão enfrentar oscilações na produção, agravando o risco de apagões.

A Necessidade Urgente de Adaptação

Para mitigar os impactos da crise hídrica, a ANA recomenda ações imediatas, como investimentos em infraestrutura de armazenamento de água, reuso hídrico e políticas de incentivo à economia de recursos. “Precisamos fortalecer a gestão dos recursos hídricos e estimular o uso eficiente da água na agricultura e na indústria”, enfatiza o relatório.

A gestão integrada das bacias hidrográficas do Centro-Oeste se torna essencial para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Portanto, programas de reflorestamento e recuperação de nascentes devem ser priorizados para aumentar a resiliência dos sistemas hídricos da região.

O Futuro da Água no Centro-Oeste

A ANA alerta que a segurança hídrica do Centro-Oeste depende de um planejamento estratégico eficaz, envolvendo governos, produtores e a sociedade civil. “A crise hídrica já é uma realidade e exige ações concretas para evitar impactos irreversíveis”, conclui o estudo. Em resumo, a resiliência hídrica da região será determinante para o equilíbrio ambiental e econômico do Brasil nos próximos anos.

 

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