Aquecimento global 2024: Em 2024, o planeta enfrentou um aumento significativo de dias com calor extremo, expondo a população a riscos crescentes à saúde pública. De acordo com o World Weather Attribution (WWA) e a Climate Central, as mudanças climáticas induzidas pelo homem resultaram, em média, em 41 dias adicionais de calor intenso. Além disso, em algumas regiões, esse número ultrapassou 150 dias.
Por exemplo, no Oriente Médio e na Índia, as pessoas enfrentaram até 170 dias de calor extremo, enquanto no Sahel, na África, foram registrados mais de 160 dias. Regiões como o sul da Europa e partes do sudeste asiático também apresentaram mais de 150 dias adicionais de calor intenso.
E, o que é pior, as mortes relacionadas ao calor extremo são muitas vezes subnotificadas, segundo os cientistas. Friederike Otto, líder do grupo World Weather Attribution e cientista climática do Imperial College, frisou a importância de educar a população sobre os riscos do calor extremo para prevenir mortes.
“As pessoas não têm que morrer durante ondas de calor. Mas se não conseguimos comunicar de forma convincente que, na verdade, muitos estão morrendo, é muito mais difícil conscientizar”, alertou. “Ondas de calor são de longe o evento climático extremo mais letal, onde a mudança climática é o que realmente faz a diferença.”
Aumento global 2024 – temperaturas
O ano de 2024 está prestes a ser o mais quente já registrado na Terra. Dados do observatório europeu Copernicus indicam que a temperatura média global ficou mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Além disso, novembro de 2024 foi o 16º mês, em um período de 17 meses, em que a temperatura média global da superfície do ar superou esse limite.
No Brasil, os efeitos foram ainda mais pronunciados. Por exemplo, relatórios revelam que os brasileiros enfrentaram quase três meses a mais de dias quentes nos últimos doze meses devido às mudanças climáticas. Foram 83 dias de calor acima do normal, quase três vezes a média global da pesquisa, que foi de 26 dias.
Consequências para a saúde pública
A exposição prolongada a temperaturas extremas representa uma séria ameaça à saúde pública. Certamente, o calor intenso pode levar a desidratação, insolção e exacerbação de condições médicas preexistentes, como doenças cardiovasculares e respiratórias. Além disso, há um aumento na mortalidade relacionada ao calor, especialmente entre populações vulneráveis, como idosos e crianças.
Causas do aquecimento
Aumento das temperaturas são impulsionadas principalmente pela emissão de gases de efeito estufa, resultantes da queima de combustíveis fósseis. Desde a Revolução Industrial, a quantidade de CO₂ na atmosfera aumentou mais de 50% e continua crescendo. Por isso, esse fenômeno intensifica o efeito estufa e eleva as temperaturas globais.
Perspectivas futuras
Especialistas alertam que, sem medidas agressivas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o aquecimento global continuará a intensificar-se. Projeções indicam que, até o final do século, o aquecimento global pode chegar a 2,8°C. Como resultado, esse cenário causará consequências catastróficas, como aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos e perda de biodiversidade.
O ano de 2024 serviu como um alerta contundente sobre a urgência de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas. Portanto, a saúde pública global está em risco. Medidas imediatas são essenciais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global. “A conclusão é devastadora, mas nada surpreendente: a mudança climática teve um papel nisso, e muitas vezes um papel grande na maioria dos eventos analisados, tornando ondas de calor, secas, ciclones tropicais e chuvas intensas mais prováveis e mais intensos em todo o mundo, destruindo vidas e meios de subsistência de milhões e muitas vezes incontáveis pessoas”, afirmou Otto. “Enquanto o mundo continuar queimando combustíveis fósseis, isso só vai piorar.”