Em resposta aos incêndios recordes que devastaram o Pantanal em 2024, senadores participaram de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, na quinta-feira (21), e prometeram destinar emendas parlamentares para reforçar as ações de prevenção e combate ao fogo na região. A audiência, organizada em conjunto pela Comissão de Meio Ambiente do Senado e a Subcomissão do Pantanal, contou com a presença dos senadores Leila Barros (PDT), Wellington Fagundes (PL), Jayme Campos (União Brasil) e Margareth Buzetti (PSD), além de autoridades estaduais e federais.
A senadora Leila Barros, presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, destacou a importância de ações coordenadas para enfrentar os desafios ambientais do Pantanal. “Comprometo-me, ao lado dos senadores de Mato Grosso, a destinar emendas da Comissão para o combate ao fogo, especialmente nos biomas Pantanal e Amazônia”, afirmou. O senador Jayme Campos, vice-presidente da Comissão Mista de Orçamento, também se comprometeu a mobilizar a bancada federal para direcionar mais recursos ao Corpo de Bombeiros, visando fortalecer as medidas de enfrentamento aos incêndios florestais.
O senador Wellington Fagundes enfatizou a urgência de promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Pantanal e mencionou a aprovação, pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, do Projeto de Lei 5482/2020, de sua autoria, que institui o Estatuto do Pantanal. O texto aguarda agora análise na Câmara dos Deputados. “Precisamos de uma legislação específica que contemple as peculiaridades do Pantanal, garantindo a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da região”, afirmou Fagundes.
Sucessivas queimadas no Pantanal desde 2019: impactos ambientais e socioeconômicos
Desde 2019, o Pantanal, uma das maiores áreas úmidas do mundo, tem enfrentado incêndios de proporções alarmantes, resultando em danos significativos ao meio ambiente e às comunidades locais. Em 2020, os incêndios atingiram cerca de 4 milhões de hectares, correspondendo a aproximadamente 26% do bioma, configurando-se como o pior ano já registrado em termos de queimadas na região.
Em 2024, a situação agravou-se ainda mais. Até 31 de outubro, foram detectados 14.292 focos de incêndio no Pantanal, um aumento de 639% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 1.933 focos. Esse número é 76% superior à média dos cinco anos anteriores (2019-2023), que foi de 8.116 focos.
Os impactos dessas queimadas são devastadores. A biodiversidade do Pantanal, que abriga espécies emblemáticas como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira e o tuiuiú, tem sido severamente afetada. Milhares de animais morreram devido às chamas e à destruição de seus habitats naturais. Além disso, as comunidades locais, incluindo ribeirinhos, indígenas e pequenos produtores rurais, enfrentam perdas econômicas significativas, com a destruição de pastagens, plantações e infraestruturas essenciais.
Especialistas apontam que a combinação de fatores climáticos, como a seca extrema e o fenômeno El Niño, juntamente com atividades humanas, como desmatamento e uso inadequado do fogo para manejo de pastagens, contribuem para a intensificação das queimadas. Estudos indicam que as condições favoráveis aos incêndios, como calor, secura e vento, foram intensificadas em 40% devido às mudanças climáticas causadas pelo homem.
Diante desse cenário, é imperativo que medidas eficazes sejam implementadas para prevenir novas queimadas e mitigar seus impactos. Isso inclui políticas públicas robustas, fiscalização ambiental rigorosa, apoio às comunidades locais e ações de conscientização sobre a importância da preservação do Pantanal. Somente com esforços coordenados será possível garantir a conservação desse bioma único e a sustentabilidade das populações que dele dependem.
Posições sobre meio ambiente
Os senadores Leila Barros (PDT), Wellington Fagundes (PL), Jayme Campos (União Brasil) e Margareth Buzetti (PSD) têm sido alvo de críticas por suas posições em questões ambientais. Em maio de 2024, os três senadores de Mato Grosso votaram a favor de um projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos no país, decisão que gerou preocupações entre ambientalistas e especialistas em saúde pública.
Além disso, em junho de 2023, durante a votação da Medida Provisória 1.154/2023, que reestruturou os ministérios do governo federal, os senadores Jayme Campos e Margareth Buzetti votaram a favor da proposta, enquanto Wellington Fagundes se posicionou contra. Essa medida incluiu mudanças nas atribuições de pastas relacionadas ao meio ambiente, o que levantou debates sobre o compromisso dos parlamentares com a proteção ambiental.
Essas ações têm sido interpretadas por críticos como indicativas de uma postura que prioriza interesses econômicos em detrimento da preservação ambiental, especialmente em um estado como Mato Grosso, que abriga biomas sensíveis como o Pantanal e a Amazônia. A atuação dos senadores nessas questões continua sendo observada de perto por organizações ambientais e pela sociedade civil.
Eleições 2026
Com a aproximação das eleições de 2026, os senadores Leila Barros (PDT), Wellington Fagundes (PL), Jayme Campos (União Brasil) e Margareth Buzetti (PSD) têm demonstrado interesse em fortalecer suas posições políticas e influenciar o cenário eleitoral. Recentemente, os senadores Jayme Campos e Wellington Fagundes declararam apoio ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil) para a presidência do Senado, enquanto Margareth Buzetti aguarda a definição de seu partido, o PSD, mas não apresenta objeções à candidatura de Alcolumbre.
Essas movimentações indicam uma busca por alianças estratégicas e fortalecimento de suas bases políticas, visando consolidar influência e garantir apoio em futuras disputas eleitorais. A participação ativa em decisões internas do Senado e o alinhamento com lideranças influentes podem ser interpretados como parte de uma estratégia mais ampla para as eleições de 2026.
É importante observar que, até o momento, não há declarações oficiais dos senadores mencionados sobre candidaturas específicas para as próximas eleições. No entanto, suas ações recentes sugerem um posicionamento estratégico no cenário político nacional, possivelmente visando ampliar suas bases de apoio e influência política.
Acompanhar as movimentações desses parlamentares nos próximos meses será essencial para entender suas intenções e estratégias eleitorais, bem como o impacto de suas decisões no panorama político brasileiro.