Uma missão de monitoramento da Organização das Nações Unidas (ONU) na Ucrânia disse nesta terça-feira (27) que a Rússia deteve mais de 800 civis desde o início do conflito, em fevereiro do ano passado, e executou 77 deles.
O relatório de 36 páginas baseado em 70 visitas a centros de detenção e mais de 1 mil entrevistas mostrou que a Ucrânia também violou o direito internacional ao deter civis arbitrariamente, mas em escala consideravelmente menor.
“Documentamos mais de 900 casos de detenção arbitrária de civis, incluindo crianças e idosos”, disse Matilda Bogner, chefe da missão de monitoramento de direitos da ONU na Ucrânia, em uma entrevista coletiva por vídeo de Uzhhorod, na Ucrânia.
“A grande maioria desses casos foi perpetrada pela Federação Russa.”
As execuções pela Rússia equivalem a um crime de guerra, acrescentou Bogner. Nenhuma execução do tipo foi documentada no lado ucraniano.
Dos 864 civis detidos pela Rússia, o escritório de direitos humanos da ONU conseguiu documentar 178 casos em detalhes, afirmou. Desses, mais de 90% foram torturados, disse o relatório, citando incidentes de afogamento simulado, eletrocussão e uso de uma “caixa quente” onde os detidos são mantidos em confinamento solitário em altas temperaturas.
As detenções ocorreram na Ucrânia e na Rússia, segundo o documento.
A ONU documentou 75 casos de detenção de civis pelas forças ucranianas, dizendo que as mudanças nos códigos criminais da Ucrânia deram a Kiev maior liberdade para realizar tais práticas. A entidade acrescentou que mais da metade também foi submetida a tortura ou maus-tratos.
A Ucrânia deu acesso total aos investigadores da ONU, com exceção de um incidente, disse o relatório, enquanto a Rússia não forneceu nenhum acesso aos detidos, apesar dos pedidos reiterados.
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