O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu o fim imediato dos ataques dos houthis a navios no Mar Vermelho, numa resolução que condenou implicitamente o principal aliado dos rebeldes do Iêmen, o Irã.
A exigência, apresentada pelos Estados Unidos (EUA) e pelo Japão, foi aprovada por 11 votos a favor, sem qualquer voto contra, e com quatro abstenções, da Rússia, China, Argélia e Moçambique.
O documento condena “com toda a veemência” os mais de 20 ataques feitos pelos houthis contra navios mercantes e comerciais que estão impedindo o comércio global “e minando os direitos e liberdades de navegação, bem como a paz e a segurança regionais”.
A resolução exige ainda que os rebeldes libertem o primeiro navio que atacaram, o Galaxy Leader. Os houthis tomaram o navio de carga, operado por um grupo japonês com ligações a uma empresa israelense, em 19 de novembro, e fizeram reféns os 25 tripulantes.
Os EUA, um dos maiores aliados de Israel, criaram, em dezembro, uma coligação internacional para proteger o tráfego marítimo dos ataques dos houthis naquela zona estratégica por onde passam 12% do comércio mundial.
Antes da votação, o conselho rejeitou por esmagadora maioria três propostas de alterações russas, uma das quais teria acrescentado linguagem para destacar que “a escalada em Gaza é a principal causa da atual situação no Mar Vermelho”.
O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que acredita que o verdadeiro objetivo da resolução é obter luz verde do Conselho de Segurança para legitimar as ações futuras da coligação criada pelos Estados Unidos e aliados.
A embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, acusou a Rússia de propor as alterações “de má-fé à última hora”, afirmando no conselho que elas estavam “alienadas da realidade”.
“Os houthis estão simplesmente intoxicados pelo poder”, disse, acrescentando que a alteração proposta cita “falsamente” o conflito em Gaza como a causa dos ataques rebeldes e apenas encorajaria os rebeldes, além de estabelecer “um precedente perigoso para o conselho legitimar essas violações do direito internacional”.
“Os houthis têm como alvo uma série de navios, poucos dos quais pertencem ou são operados por israelenses”, afirmou Linda Thomas-Greenfield.
Para a embaixadora, “o que está em questão” não é um conflito específico, mas “o simples princípio de defender a liberdade de navegação e uma via navegável vital para o livre fluxo do comércio global”.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro, entre Israel e o grupo islâmico Hamas, os houthis, que controlam grande parte do Iêmen, intensificaram os ataques no Mar Vermelho, alegando agir em solidariedade aos palestinos de Gaza.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou nessa quarta-feira que a organização está muito preocupada com a situação no Mar Vermelho e com o risco de escalada do conflito na região.
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