As conversações envolvendo os EUA, o Egito, Israel e o Catar sobre uma trégua em Gaza terminaram sem avanços na terça-feira, enquanto cresciam os apelos para que Israel contivesse um ataque planejado ao extremo sul do enclave, com mais de um milhão de pessoas.
A cidade de Rafah, cuja população antes da guerra era de cerca de 300.000 pessoas, está repleta de desabrigados que vivem em acampamentos e abrigos improvisados e que fugiram dos bombardeios israelenses em áreas de Gaza mais ao norte durante mais de quatro meses de guerra.
Israel diz que quer expulsar os militantes do Hamas dos esconderijos em Rafah e libertar os reféns israelenses mantidos lá, e está fazendo planos para evacuar os civis palestinos presos. Mas nenhum plano foi apresentado e as agências de ajuda humanitária dizem que os deslocados não têm para onde ir no território destruído.
Tanques israelenses bombardearam o setor leste de Rafah durante a noite, causando ondas de pânico, segundo os moradores.
Eles disseram que os deslocados — dezenas até agora — começaram a deixar Rafah depois dos bombardeios e ataques aéreos israelenses nos últimos dias.
Rafah é vizinha do Egito, mas o Cairo deixou claro que não permitirá o êxodo de refugiados pela fronteira.
As autoridades de saúde de Gaza anunciaram 133 novas mortes de palestinos nas últimas 24 horas, elevando o total para 28.473 mortos e 68.146 feridos desde 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram mortas em um tumulto do Hamas na fronteira com Israel, desencadeando a guerra.
Acredita-se que muitas outras pessoas estejam enterradas sob os escombros de prédios destruídos em toda a Faixa de Gaza, densamente povoada, grande parte da qual está em ruínas. Os suprimentos de alimentos, água e outros itens essenciais estão acabando e as doenças estão se espalhando.
Cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está agora espremida em Rafah.
No Cairo, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi conduziu conversações com o diretor da CIA, William Burns, e com o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, com o objetivo de chegar a um acordo sobre uma trégua em Gaza, proteger os civis e fornecer mais ajuda ao enclave, informou o serviço de informações do Estado egípcio.
Em uma declaração em seu site, ele citou uma “vontade de continuar a consulta e a coordenação” sobre as principais questões, indicando que nenhum avanço foi feito.
A declaração egípcia não fez nenhuma menção a Israel. A delegação israelense deixou o Cairo e voltou para casa, disse um repórter da Reuters.
O gabinete do primeiro-ministro israelense não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Israel prometeu continuar lutando, por muitos meses, se necessário, até erradicar o Hamas.
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