A Justiça do Havaí, nos Estados Unidos (EUA), recebeu uma ação coletiva que acusa a maior distribuidora de eletricidade do arquipélago, a Hawaiian Electric, de ter causado os incêndios que mataram 93 pessoas na ilha de Maui.
De acordo com a imprensa local, o processo foi apresentado por três escritórios de advogados que representam pessoas afetadas pelos incêndios de Lahaina, antiga capital do arquipélago e uma das zonas turísticas mais populares do Havaí.
A ação argumenta que a Hawaiian Electric, que fornece eletricidade a 95% do estado, “indesculpavelmente deixou as suas linhas de energia operacional durante as condições previstas de alto risco de incêndio”.
Muitos dos relatos de moradores parecem convergir quanto ao fato de as pessoas não terem recebido lerta oficial do que estava ocorrendo e que pode ter comprometido a eficácia da resposta e até a morte de muitas pessoas. Na ausência de um alerta em larga escala, os moradores descreveram uma corrida frenética para escapar de um incêndio que parecia surgir do nada. A situação foi agravada pela rápida progressão das chamas.
“A destruição poderia ter sido evitada se os réus tivessem ouvido os avisos do Serviço Nacional de Meteorologia [norte-americano] e desligado a energia de suas linhas elétricas durante a passagem de vento forte que era esperada” vários dias antes do início dos incêndios, alegam os advogados no processo.
A prática de desligar as linhas de energia por motivos de segurança pública é comum em partes do oeste dos Estados Unidos durante condições de alto risco de incêndio, já que essas linhas foram a causa de vários incêndios, especialmente na Califórnia.
Alarme não ativado
Quando os incêndios começaram, na terça-feira passada, e a ilha Maui ficou sem energia e telecomunicações, o sistema de alarme do Havaí, o maior do mundo, não foi ativado, admitiram as autoridades.
A procuradora-geral do Havai, Anne López, anunciou no sábado (12) que será feita uma “investigação exaustiva” sobre a resposta das autoridades à catástrofe.
A Hawaiian Electric informou nesse domingo, em comunicado, que restaurou o fornecimento de eletricidade para 60% dos clientes que estavam sem energia desde terça-feira. Cerca de 300 pessoas trabalham na área para repor a energia aos demais clientes.
A empresa, que não se referiu ao processo judicial, indicou que houve danos extensos nas partes do sistema elétrico que distribui energia às comunidades e que o sistema “ainda está frágil”, obrigando os trabalhadores a proceder com cuidado.
A Hawaiian Electric admitiu que pode haver “apagões intermitentes” e pediu aos moradores de Maui que tentem poupar eletricidade e limitar seu uso.
Processo de identificação
O governador do Havaí estimou as perdas materiais em cerca de US$ 6 bilhões.
Dois dos três incêndios de Maui ainda estão ativos, segundo balanço feito nesse domingo pelo condado, que até agora apenas conseguiu verificar a identidade de duas das 93 vítimas confirmadas.
A polícia local disse que o processo será moroso, uma vez que é necessária uma verificação genética ou dentária. “Quando encontramos nossa família e amigos, os restos que encontramos são de um incêndio que derreteu metal”, disse o chefe de polícia John Pelletier. “É preciso fazer um teste rápido de DNA para identificá-los.
As entidades oficiais preveem que, à medida que as buscas prosseguem nas áreas devastadas, mais vítimas são encontradas.
Esses incêndios são os mais graves nos EUA em mais de 100 anos. “Aquele incêndio percorreu uma milha a cada minuto, resultando nessa tragédia”, disse o governador do Havaí, Josh Green, em nota. “Um furacão de fogo, algo novo para nós nesta era de aquecimento global, foi a razão última pela qual tantas pessoas morreram.”
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