O governo israelense enviou milhares de palestinos de volta à Faixa de Gaza, nesta sexta-feira (3), dando continuidade à repressão contra trabalhadores do território que anteriormente haviam recebido permissão para trabalhar em Israel e na Cisjordânia ocupada.
Grande número de trabalhadores retornou pela passagem de Kerem Shalom, a leste da passagem de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza. A área vem sendo bombardeada por jatos e tanques israelenses há semanas, desde o ataque de 7 de outubro ao Sul de Israel por homens armados do grupo Hamas.
“Costumávamos servi-los, trabalhar para eles em casas, restaurantes e mercados, em troca dos menores salários e, apesar disso, agora fomos humilhados”, disse Jamal Ismail, um trabalhador do campo de refugiados de Maghazi, na região central de Gaza.
No entanto, o sistema foi descartado, com Israel revertendo a política anterior de oferecer incentivos econômicos. Em vez disso, montou uma ofensiva aérea e terrestre para erradicar o movimento militante do Hamas, que controla Gaza.
“Israel está cortando todo o contato com Gaza. Não haverá mais trabalhadores palestinos de Gaza”, disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em comunicado. “Os trabalhadores de Gaza que estavam em Israel no dia do início da guerra serão devolvidos a Gaza.”
Desde então, Israel bombardeou o enclave costeiro sem parar e lançou ofensiva terrestre, matando mais de 9.200 palestinos, quase metade deles crianças, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza. Representantes da ONU afirmam que mais de 1,4 milhão da população de Gaza, de cerca de 2,3 milhões de pessoas, foram deslocadas.
Não se sabe ao certo quantos moradores de Gaza estavam em Israel no dia 7 de outubro, quando atiradores do Hamas romperam a fronteira cercada e invadiram as comunidades do Sul, matando 1.400 pessoas e levando 240 para o cativeiro em Gaza.
Um representante de alto escalão da Autoridade Palestina disse que 4.950 moradores de Gaza fugiram de Israel para a Cisjordânia e acredita-se que cerca de 5 mil tenham sido detidos por Israel.
“Ninguém sabe o que está acontecendo”, disse Ghazal Ghazal, 50 anos, que trabalhava em uma fábrica de doces em Tel Aviv. Ele fugiu para a Cisjordânia no mês passado, depois de ouvir de colegas que as autoridades israelenses estavam fazendo prisões.
Os palestinos têm autonomia limitada nas áreas em que vivem na Cisjordânia, que está sob ocupação militar de Israel.
Para aqueles que permanecem na Cisjordânia, as conexões telefônicas e de internet irregulares significam que as notícias de casa têm sido esporádicas, à medida que o bombardeio israelense continua.
Nidal Abu Jidian, pai de três filhos, que trabalhava como pavimentador de estradas em Israel antes de buscar refúgio em um centro comunitário na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, disse que acompanha as notícias em seu telefone para tentar saber como está a situação de sua família.
“Eu estava ao telefone com meu tio. Foi bombardeado enquanto eu falava com ele. Eu estava verificando como ele e meus filhos estavam e ele foi morto. Eu ouvi o ataque. O telefone ficou sem sinal.”
(Reportagem adicional de Henriette Chacar)
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