O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou para a aceleração “absolutamente devastadora” do degelo da Antártida e apelou a um acordo para a redução das emissões de carbono na COP28, a 28ª Conferência da ONU sobre o Clima,
Uma semana antes do início cúpula, Guterres disse que ações intensas são necessárias em Dubai, onde os países vão abordar os compromissos para reduzir as emissões de gases que estão a aquecer o planeta.
“Estamos testemunhando uma aceleração que é absolutamente devastadora”, disse o secretário sobre a taxa de degelo na Antártida, que considerou um “gigante adormecido”.
“A Antártida está acordando e o mundo tem de acordar”, acrescentou o português, que está em visita oficial de três dias à região, acompanhado do presidente chileno Gabriel Bori. A visita inclui passagem por uma base aérea na Ilha do Rei Jorge e pelas geleiras Collins e Nelson.
Guterres disse que a COP28 é oportunidade para as nações “decidirem a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis num prazo adequado”, a fim de respeitar os objetivos do acordo de Paris em 2015, para manter o aquecimento abaixo de 1,5 graus Celsius.
O líder da ONU afirmou que a cúpula é também oportunidade para as nações se comprometerem com mais projetos de energia renovável e melhorarem a eficiência energética das redes e tecnologias existentes.
A COP28 será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro no Dubai, no momento em que, de acordo com as Nações Unidas, o planeta caminha para um aquecimento de 2,5°C a 2,9°C até o fim do século.
Dados alarmantes
Relatório da ONU divulgado segunda-feira (20) alertou para a necessidade da redução à metade das emissões estimadas de gases de efeito estufa até 2030, para impedir o aumento da temperatura global acima de 1,5 graus Celsius.
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) disse que, para impedir um aumento de 3°C das temperaturas no fim do século, todos os países terão de reduzir emissões muito além das promessas atuais, cortando 42% até 2030.
Estudo publicado na revista Nature Climate Change em outubro mostrou que, devido à subida das temperaturas, o degelo da Antártida já é “inevitável”, independentemente de quanto o mundo reduza as emissões de gases que aquecem o planeta, como o dióxido de carbono.
A autora principal do estudo, Kaitlin Naughten, estimou que o degelo nas áreas de maior risco da Antártida poderá fazer subir o nível global do mar em cerca de 1,8 metro nos próximos séculos.
Outro estudo publicado na revista Science Advances também em outubro, revelou que quase 50 plataformas de gelo da Antártida encolheram pelo menos 30% desde 1997 e 28 delas perderam mais de metade do gelo no mesmo período.
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