Pesquisar
Close this search box.

Google aposta em energia nuclear para alimentar data centers de IA, e preocupa ambientalistas

Em outubro de 2024, o Google anunciou uma parceria estratégica com a startup norte-americana Kairos Power para adquirir energia proveniente de pequenos reatores nucleares modulares (SMRs). O objetivo é suprir a crescente demanda energética de seus data centers dedicados à inteligência artificial (IA).

O contrato prevê a construção de sete SMRs, totalizando uma capacidade combinada de 500 megawatts (MW). A expectativa é que o primeiro reator entre em operação até 2030, com os demais sendo implementados progressivamente até 2035.

Os reatores da Kairos Power utilizam um sistema de resfriamento inovador com sal de flúor fundido, em vez de água, como é comum nas usinas nucleares tradicionais. Essa tecnologia visa oferecer uma solução de energia limpa, segura e economicamente viável, contribuindo para a descarbonização das redes elétricas.

A decisão do Google de utilizar energia nuclear para alimentar seus data centers de inteligência artificial (IA) tem gerado diversas críticas e preocupações. As principais questões levantadas incluem:

Gestão de Resíduos Radioativos

Uma das críticas mais significativas refere-se à gestão dos resíduos nucleares gerados pelos pequenos reatores modulares (SMRs). Especialistas alertam que, embora os SMRs sejam projetados para serem mais eficientes, eles podem produzir uma quantidade proporcionalmente maior de resíduos radioativos em comparação com reatores tradicionais. Além disso, a falta de um plano eficaz para o armazenamento a longo prazo desses resíduos intensifica as preocupações sobre os impactos ambientais e de segurança.

Segurança e Riscos Associados

A segurança operacional dos reatores nucleares é outra preocupação central. Embora os SMRs sejam projetados com sistemas de segurança avançados, o histórico de acidentes nucleares faz com que a opinião pública e especialistas questionem a viabilidade e a segurança dessas instalações, especialmente em larga escala.

Custos e Viabilidade Econômica

A construção e manutenção de reatores nucleares, mesmo os modulares, envolvem custos elevados. Críticos argumentam que os investimentos necessários podem não ser economicamente viáveis a longo prazo, especialmente quando comparados a alternativas renováveis, como energia solar e eólica, que têm se tornado mais acessíveis e sustentáveis.

Impacto ambiental

Embora a energia nuclear seja considerada uma fonte de baixa emissão de carbono, a extração de urânio, o processo de enriquecimento e a gestão de resíduos apresentam desafios ambientais significativos. Além disso, a construção de novas instalações nucleares pode levar a desmatamentos e alterações no uso do solo, afetando ecossistemas locais.

Essas críticas destacam a necessidade de uma análise cuidadosa e transparente por parte do Google e de outras empresas de tecnologia que consideram a energia nuclear como solução para suas demandas energéticas. É fundamental equilibrar os benefícios potenciais com os riscos e impactos associados, garantindo que as decisões tomadas sejam sustentáveis e seguras para o meio ambiente e a sociedade.

Pequenos Reatores Nucleares Modulares, conhecidos pela sigla SMR (do inglês Small Modular Reactors)

Os Pequenos Reatores Nucleares Modulares, conhecidos pela sigla SMR (do inglês Small Modular Reactors), são reatores nucleares de menor porte em comparação aos tradicionais, com capacidade de geração elétrica de até 300 megawatts elétricos (MWe).

Essa característica os torna adequados para atender a demandas energéticas específicas, como em regiões remotas ou em sistemas isolados.

Características Principais dos SMRs:

  • Modularidade: Os SMRs são projetados para serem fabricados em módulos padronizados, permitindo sua produção em série em fábricas especializadas. Essa abordagem facilita o transporte e a instalação no local de operação, reduzindo o tempo e os custos associados à construção de usinas nucleares convencionais.
  • Segurança Aprimorada: Muitos designs de SMRs incorporam sistemas de segurança passivos, que não dependem de intervenção humana ou de energia externa para funcionar. Esses sistemas utilizam princípios físicos, como a convecção natural, para resfriar o reator em situações de emergência, aumentando a segurança operacional.
  • Flexibilidade Operacional: Devido ao seu tamanho reduzido e à capacidade de serem instalados em módulos, os SMRs podem ser adaptados para diferentes necessidades energéticas. É possível adicionar módulos adicionais conforme a demanda aumenta, oferecendo uma solução escalável para a geração de energia.
  • Aplicações Diversificadas: Além da geração de eletricidade, os SMRs podem ser utilizados para fornecer calor para processos industriais, dessalinização de água e outras aplicações que requerem fontes de energia confiáveis e contínuas.

Apesar das vantagens, os SMRs enfrentam desafios relacionados à regulamentação, financiamento e aceitação pública. A padronização e a produção em massa podem reduzir custos, mas exigem investimentos iniciais significativos. Além disso, é necessário desenvolver um arcabouço regulatório adequado para garantir a segurança e a eficiência dessas novas tecnologias.

Em resumo, os Pequenos Reatores Nucleares Modulares representam uma evolução na tecnologia nuclear, oferecendo soluções mais flexíveis, seguras e potencialmente mais econômicas para a geração de energia. No entanto, sua implementação requer uma abordagem cuidadosa para superar os desafios existentes e maximizar seus benefícios.

MAIS NOTÍCIAS

CATEGORIAS

.

SIGA-NOS