A primeira missão lunar da Rússia em 47 anos falhou quando sua espaçonave Luna-25 saiu de controle e caiu na Lua. O incidente ocorreu após um problema na preparação para a órbita pré-pouso, mostrando o declínio pós-soviético de um poderoso programa espacial.
A agência espacial estatal da Rússia, Roskosmos, informou que perdeu contato com a nave no sábado (19), enquanto se preparava para o pré-pouso. Um pouso suave havia sido planejado para esta segunda-feira (21).
“O aparelho entrou em órbita imprevisível e deixou de existir como resultado de uma colisão com a superfície da Lua”, informou a Roskosmos em comunicado.
De acordo com a agência, uma comissão especial foi formada para investigar as razões do acidente com a nave Luna-25, cuja missão aumentou as esperanças de Moscou pelo retorno da Rússia à corrida lunar.
A falha mostrou o declínio do poder espacial da Rússia desde a competição da Guerra Fria, quando Moscou foi a primeira a lançar um satélite para orbitar a Terra – o Sputnik 1, em 1957 – e o astronauta soviético Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a viajar para o espaço, em 1961.
Também ocorre quando a economia de US$ 2 trilhões da Rússia enfrenta seu maior desafio externo em décadas: a pressão das sanções ocidentais e a maior guerra em solo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Embora as missões lunares sejam extremamente difíceis e muitas tentativas dos Estados Unidos (EUA) e da União Soviética tenham falhado, a Rússia não tentava uma missão lunar desde Luna-24, em 1976, quando o líder comunista Leonid Brezhnev governava o Kremlin.
A Rússia tem competido com a Índia, cujo satélite Chandrayaan-3 está programado para pousar no polo sul da lua esta semana, e mais amplamente contra a China e os Estados Unidos, que têm ambições lunares avançadas.
As autoridades russas esperavam que a missão Luna-25 mostrasse que a Rússia pode competir com as superpotências no espaço, apesar de seu declínio pós-soviético e do alto custo da guerra na Ucrânia.
Cientistas russos reclamaram que o programa espacial foi enfraquecido por governantes ansiosos por projetos espaciais irrealistas, corrupção e um declínio no rigor do sistema de educação científica pós-soviética da Rússia.
“É tão triste que não foi possível pousar o aparelho”, declarou Mikhail Marov, importante físico e astrônomo soviético.
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