O desmantelamento do sistema de comunicações móveis encriptadas EncroChat, bastante utilizado por organizações criminosas, já levou à detenção de mais de 6,5 mil pessoas em todo o mundo, revelou hoje a Europol.
Segundo um balanço divulgado hoje (27) pela entidade europeia, apresentado pelas autoridades francesas e holandesas em Lille, na França, foram detidas 6.558 pessoas, das quais 197 eram consideradas alvos muito importantes, na sequência da eliminação da ferramenta apelidada de Whatsapp dos Criminosos.
Entre os elementos detidos a partir do EncroChat está o português Rúben Oliveira, também conhecido como Xuxas, em um processo de tráfico de droga que está atualmente na fase de instrução e cujo debate instrutório está agendado para quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Ao falar sobre o impacto da eliminação deste sistema de comunicações, como os quase € 900 milhões em ativos criminosos congelados ou apreendidos, a Europol informou ainda que essa operação “ajudou a prevenir ataques violentos, tentativas de homicídio, corrupção e transportes de droga em grande escala”, tendo sido interceptadas mais de 115 milhões de conversas de teor criminoso entre cerca de 60 mil usuários.
Segundo os números revelados por nota à imprensa, o fim do EncroChat conduziu também à apreensão de 103,5 toneladas de cocaína, 163,4 toneladas de maconha, 3,3 toneladas de heroína e mais de 30 milhões de comprimidos de drogas químicas.
Foram ainda apreendidos mais de 900 veículos, quase 1 mil armas, 83 barcos e 40 aviões com os criminosos, que desde então já foram condenados a penas que somam mais de 7 mil anos.
Investigação
A investigação ao sistema começou na França em 2017, e descobriu que a empresa responsável operava via servidores baseados naquele país.
Em 2019 foi aberto, pelas autoridades francesas, um processo na Eurojust, a agência europeia para a cooperação judiciária, e no ano seguinte foi criada uma equipa de investigação conjunta, cujos resultados sobre as atividades criminosas passaram a ser compartilhados pelas autoridades europeias.
A Europol explicou que os telefones EncroChat eram apresentados com garantia de total encriptação e não rastreabilidade das comunicações, além de disporem de um PIN especificamente criado para apagar todo o conteúdo do equipamento, caso os usuários se vissem na iminência de serem apanhados pelas autoridades.
Os critptotelefones vendidos pela EncroChat custavam cerca de € 1 mil euros e eram ainda oferecidas assinaturas com cobertura mundial a um custo de € 1,5 mil euros por seis meses.
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