Pelo menos duas pessoas morreram e uma criança ficou ferida na sequência de explosões na ponte da Crimeia, revelaram autoridades russas. A agência de notícias ucraniana Ukrinform disse que a infraestrutura foi atingida por drones marítimos ucranianos.
A agência estatal de notícias cita fontes não identificadas dos serviços secretos ucranianos (SBU) e a Marinha do país, duas componentes das forças de segurança ucranianas.
“Foi difícil chegar à ponte, mas acabamos conseguindo”, disse um representante dos SBU citado pela Ukrinform, que salientou que a ponte é um alvo legítimo para a Ucrânia, uma vez que foi construída em território ucraniano ocupado.
A circulação rodoviária e ferroviária que esteve cortada foi retomada. Um comboio já partiu da cidade de Kerch e está a caminho de Moscou. A ponte é a principal ligação terrestre entra a Rússia e a Península da Crimeia.
De acordo com as mesmas fontes, o ataque ocorreu nesse domingo (16) à noite, quando drones marítimos se deslocaram à superfície da água e danificaram a estrutura.
As vítimas – um casal e a filha – são residentes na província russa de Belgorod. “Nos últimos dias, temos enviado os nossos filhos para os acampamentos na Crimeia”, revelou o governador da Península da Crimeia, Sergey Axyonov.
O governador da península, anexada pela Rússia em 2014, relatou “uma emergência” na ponte, depois de terem sido ouvidas pelo menos duas explosões.
“Ocorreu uma emergência na área do [pilar de] apoio 145 do Território de Krasnodar”, indicou o responsável, na plataforma de mensagens Telegram.
O Ministério russo dos Transportes reconheceu que há “danos na estrada em seções da ponte da Crimeia”, que liga a península ocupada à Rússia, mas os pilares estão intactos, indicou a agência de notícias russa Tass.
Moradores locais indicaram ter ouvido explosões antes de amanhecer, mas não houve confirmação das autoridades, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
A ponte mais longa da Europa
A ponte rodoviária e ferroviária de 19 quilômetros – a mais longa da Europa – foi construída depois de a Rússia ter anexado a Crimeia em 2014, e liga esta península do Mar Negro à Rússia. Em outubro a infraestrutura tinha ficado danificada na sequência de uma forte explosão, provocada por um caminhão, que matou cinco pessoas.
Em outubro, o presidente russo Vladimir Putin, que considera a ponte como a “joia da coroa”, classificou a explosão como um “ataque terrorista” orquestrado pelos serviços de segurança ucranianos e ordenou uma onda de ataques de retaliação contra várias cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev.
Após o ataque de outubro, Putin determinou a reconstrução e algum tempo depois foi visto conduzindo um automóvel na ponte da Crimeia.
Meses mais tarde, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que o seu país era indiretamente responsável pelo ataque, referindo-se ao ataque à ponte como um dos “êxitos” do seu exército em 2022.
A ponte é constituída por uma via rodoviária e uma via férrea, separadas por estacas de betão, que dão lugar a um vão mais largo suportado por arcos de aço no ponto em que os barcos passam entre o Mar Negro e o Mar de Azov.
A estrutura – que teve um custo de US$ 3,6 milhões – foi construída por uma empresa pertencente a Arkady Rotenberg, um aliado próximo e antigo parceiro de judô de Putin.
A ponte é crucial para o fornecimento de combustível, alimentos e outros produtos para a Crimeia, onde o porto de Sevastopol é a base histórica da frota russa do Mar Negro.
Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a infraestrutura tornou-se uma importante rota de abastecimento para as forças russas, que tentam tomar a maior parte da região de Kherson, no sul da Ucrânia, e parte da província de Zaporizhzhia.
* É proibida a reprodução deste conteúdo