Em 2024, o desmatamento em Mato Grosso reduziu 32% em comparação ao período anterior. Nesse período, a perda de 1.700 km² de vegetação nos biomas Amazônia e Cerrado trouxe desafios significativos. No entanto, o Instituto Centro de Vida (ICV) destacou que 75% dessa destruição ocorreu de forma ilegal, criando um grande obstáculo ao cumprimento das metas ambientais do estado.
1. Panorama do desmatamento ilegal
O estudo do ICV revelou que 61% da vegetação devastada concentrou-se em apenas 338 polígonos, que representam menos de 5% das áreas desmatadas. Esses dados mostram que grandes propriedades rurais, dotadas de recursos financeiros expressivos, causaram a maior parte da devastação. Além disso, Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, afirmou: “Desmatar grandes áreas custa caro, e isso é feito por quem tem recursos financeiros significativos.”
2. Queimadas e transição de biomas
As áreas de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia concentraram grande parte da destruição ambiental. Aproximadamente 56,7% do desmatamento ocorreu por degradação progressiva, causada principalmente pelo fogo. Além disso, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou que 20% dos focos de queimadas em 2024 ocorreram em Mato Grosso. Desses, 60% concentraram-se em propriedades vinculadas ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Consequentemente, esses números destacam a necessidade de ações urgentes para frear práticas predatórias e evitar danos irreversíveis.
3. Impactos das alterações legislativas no estado
Nos últimos anos, mudanças na legislação ambiental de Mato Grosso geraram grandes controvérsias. O governo estadual defende que as alterações equilibram desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Entretanto, especialistas alertam para o risco de aumento da degradação e da dificuldade em alcançar metas climáticas.
Por exemplo, o Projeto de Lei Complementar nº 18/2024 busca reclassificar áreas florestais como Cerrado. Essa medida, caso aprovada, pode acelerar o desmatamento legalizado. Além disso, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 12/2022 condiciona a criação de novas Unidades de Conservação à regularização fundiária das áreas protegidas. Por fim, a Lei Estadual nº 12.653/2024 autoriza atividades econômicas em Áreas de Preservação Permanente no Pantanal, ampliando os riscos de degradação ambiental. Portanto, essas alterações legislativas podem intensificar os desafios ambientais, dificultando ainda mais a conservação.
4. Necessidade de combate ao desmatamento
A ilegalidade no desmatamento ainda representa o maior desafio para as metas ambientais de Mato Grosso. O ICV enfatiza a urgência de reforçar a fiscalização e combater a lógica econômica que incentiva crimes ambientais. Por isso, políticas que incentivem práticas sustentáveis devem ser implementadas. Esse esforço permitirá que Mato Grosso equilibre desenvolvimento econômico com a preservação de seus biomas.
Mato Grosso apresentou progresso ao reduzir o desmatamento em 2024, mas os desafios permanecem devido à ilegalidade e às mudanças normativas. Dessa forma, o estado precisa de ações coordenadas para garantir o desenvolvimento sustentável e preservar os biomas Amazônia e Cerrado, que são essenciais para o equilíbrio ambiental e climático do Brasil.