20/06/2023 – 20:24
Durante depoimento do jogador Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário, à CPI que investiga manipulação de jogos de futebol, deputados demonstraram estranhamento com a assimetria de penas aplicadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva a jogadores de diferentes categorias envolvidos nas fraudes. Marcos Vinicius, por exemplo, ex-jogador da série B, no Vila Nova, de Goiás, foi banido do futebol por participação no esquema.
Em contrapartida, conforme ressaltou o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), outros envolvidos receberam penas menores ou foram inocentados. Ele citou o jogador Igor Cariús, do Sport Recife, que foi absolvido. Na opinião do parlamentar, a comissão deve investigar se “interesses dos grandes clubes estão sendo protegidos”.
O relator da CPI, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), também se disse perplexo com as diferenças entre as penas recebidas por diferentes envolvidos nos esquemas para manipular jogos de futebol.
Conforme destacou o deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), até mesmo o colega de clube de Marcos Vinicius, Gabriel Domingos, que participou do mesmo episódio que o jogador, recebeu pena muito menor. Gabriel Domingos foi suspenso por 720 dias pela Justiça Desportiva. “A gente pode provocar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva para exemplificar quais critérios são adotados na aplicação dessas penas”, sugeriu Lomanto.
Em seu depoimento, Marcos Vinicius alegou ter apenas apresentado o colega ao aliciador, que disse conhecer somente por Vitor. Segundo relatou, Vitor ofereceu 10 mil reais para que cometesse um pênalti no primeiro tempo de uma partida do Vila Nova no ano passado. Como não poderia jogar, Marcos Vinicius teria passado o contato do colega Gabriel Domingos, que aceitou cometer a penalidade. No fim, o colega também não foi escalado para a partida.
Regulamentação
Os deputados também voltaram a defender a regulamentação dos sites de apostas esportivas. Para os parlamentares, é fundamental proibir apostas em lances individuais, como pênaltis e cartões, que facilitariam a corrupção. Na opinião do deputado Kiko Celeguim (PT-SP), a comissão deveria tomar providência jurídicas para regular o assunto mesmo do fim das investigações.
“Enquanto houver essa relação de individualizar as apostas, de permitir que o aliciador possa pegar o elo mais fraco da cadeia, a gente vai ter esse tipo de fraude no esporte de modo geral”, lamentou. Ele propôs, um acordo entre a Justiça e as casas de aposta para cessar esse tipo de aposta individual. “Faz um termo de ajustamento de conduta para que isso não prejudique o resultado das partidas”, completou.
Assim como outros participantes, o deputado Yury do Paredão (PL-CE) considera fundamental que a CPI ouça representantes dos sites de apostas. O parlamentar, que apresentou o pedido para a realização da audiência pública, acredita que as empresas podem colaborar com a elaboração de leis para punir quem age de má de fé e retira a credibilidade do futebol brasileiro.
Reportagem – Maria Neves
Edição – Geórgia Moraes