Está em andamento uma missão para encontrar o submarino desaparecido no domingo (18), no Atlântico norte, com cinco pessoas a bordo. O pequeno submarino tem 96 horas de reserva de oxigênio em caso de emergência. Os tripulantes perderam contato com a superfície, perto dos destroços do Titanic, que estão a 3,8 mil metros de profundidade.
A empresa que opera o veículo, a OceanGate Expeditions, confirmou que um dos seus submersíveis, o Titan, desapareceu no Oceano Atlântico durante a expedição.
O submarino desapareceu a cerca de 435 milhas ao sul de Newfoundland, em águas canadenses. O contato com a tripulação foi perdido uma hora e 45 minutos após o mergulho na tarde de domingo, explicou a Guarda Costeira dos Estados Unidos (EUA).
O consultor da empresa David Concannon informou que, com a reserva de oxigênio disponível para emergência, restam apenas cerca de dois dias de “suporte de vida” no Titan.
O contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA John Mauger observou, por sua vez, que a localização “remota” tornou a operação de busca um “desafio”. “É uma área remota e é um desafio conduzir uma busca nesse local.”
“Estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, declarou.
O navio de apoio do Titan, o quebra-gelo de investigação canadense Polar Prince, continua a fazer buscas na superfície durante o dia e a noite, assim como a aeronave canadense P8 Poseidon, que já retomou as buscas na manhã desta terça-feira (20).
O que é o Titan?
O Titan é um pequeno submersível operado pela OceanGate – uma empresa com sede nos EUA que disponibiliza submarinos tripulados para investigação e exploração.
Os ingressos custam cerca de € 250 mil (R$ 1,3 milhão) e cobrem uma viagem de oito dias, incluindo mergulhos aos destroços. Segundo a empresa, o Titan é capaz de mergulhar a mais de quatro mil metros “com uma confortável margem de segurança”.
A embarcação leva cerca de duas horas para descer aproximadamente os 3,8 mil metros até onde estão os destroços do Titanic em uma trincheira no Atlântico. O Titan pesa 10,4 toneladas e está programado para enviar uma mensagem a cada 15 minutos para sinalizar a localização e informar quem está em terra que a viagem decorre em segurança.
Quem está a bordo
O multimilionário britânico Hamish Harding, de 58 anos, foi confirmado como um dos passageiros. Seu enteado Brian Szasz informou, no Facebook, que o padrasto estava nos seus “pensamentos e orações”.
Harding é o atual presidente da Action Aviation – uma empresa de vendas e operações que oferece uma variedade de serviços no setor de aviação executiva.
Stockton Rush é o presidente executivo e fundador da OceanGate Inc, a empresa que opera o submersível desaparecido. Tem um percurso profissional como piloto e é também fundador e membro do conselho de administração da organização sem fins lucrativos OceanGate Foundation, que procura catalisar a tecnologia marinha emergente para novas descobertas em ciência, história e arqueologia.
Paul-Henry Nargeolet é um ex-comandante que serviu na Marinha Francesa por 25 anos. Durante sua carreiro, se tornou o capitão do grupo de submersão profunda da Marinha. Ingressou depois no Instituto Francês de Pesquisa e Exploração do Mar, segundo a The Five Deeps Expedition, empresa que reúne cientistas, engenheiros e operadores de submersíveis para missões.
O empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood, também estão a bordo, informou a família em comunicado:
“Estamos muito gratos pela preocupação demonstrada pelos nossos colegas e amigos e gostaríamos de pedir a todos que rezem pela segurança de todos”.
Os Dawoods são de uma das famílias mais proeminentes do Paquistão e detêm uma empresa que investe em todo o país na agricultura, indústrias e no setor de saúde.
Socorro recorre a ROV
Em um e-mail dirigido à Associated Press, o consultor da OceanGate David Concannon anunciou que as autoridades preparam um veículo operado remotamente (ROV) que poderá atingir uma profundidade de seis mil metros e aproximar-se do “local o mais rápido possível”.
Os ROV podem ser lançados na lateral de uma embarcação, à qual são ligados por um “cordão umbilical”. O dispositivo permite ao piloto operar os propulsores e também transmitir dados em tempo real dos sistemas de sonar e de câmara. No entanto, a quantidade de destroços do Titanic no fundo do oceano pode interferir na informação porque pode levar algum tempo a distinguir o que são detritos e o que é o Titan.
Diversos especialistas alertam para a dificuldade em recuperar o pequeno submarino, caso “esteja preso nos destroços centenários”.
“Existem partes dele [o Titanic] por todo o lugar. É perigoso”, disse Frank Owen, oficial reformado da Marinha Real Australiana e diretor do projeto de resgate e fuga de submarinos.
Alistair Greig, professor de engenharia naval da University College of London, observou que “se a embarcação desceu para o fundo do mar e não pode voltar por conta própria, as opções são muito limitadas”.
“Embora o submarino ainda possa estar intacto, se estiver além da plataforma continental, há pouquíssimas embarcações que podem chegar tão fundo e certamente não mergulhadores”, acrescentou Greig.
A OceanGate Expeditions realiza expedições desde 2021. No site da empresa desde segunda-feira pode ler-se a mensagem:
“Todo o nosso foco está nos membros da tripulação do submarino e nas suas famílias. Estamos profundamente gratos pela ampla assistência que recebemos de várias agências governamentais e empresas de alto mar durante os nossos esforços para restabelecer o contato com o submersível”.
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