Pelo menos 11 trabalhadores da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) morreram nos últimos quatro dias na sequência de bombardeios israelitas na Faixa de Gaza, informaram fontes oficiais nesta quarta-feira (11).
Entre os mortos estão cinco professores da UNRWA, um médico ginecologista, um engenheiro, um conselheiro psicológico e três membros de apoio, segundo um comunicado da agência da ONU.
Na nota informativa, a agência especificou ainda que 30 estudantes da UNRWA — 17 moças e 13 rapazes — também morreram e oito menores ficaram feridos na sequência dos ataques conduzidos pelas forças israelitas no território palestino, controlado desde 2007 pelo movimento islamita Hamas.
O comunicado da UNRWA lembrou ainda que, de acordo com o Ministério da Saúde local, pelo menos mil pessoas, incluindo quase 300 menores, “foram assassinadas” durante as incursões israelitas, enquanto mais de 5 mil pessoas ficaram feridas.
A Cruz Vermelha também teve funcionários mortos nos ataques israelenses. Em comunicado, a organização confirmou “a morte de cinco membros da rede em resultado das hostilidades armadas em Israel e na Faixa de Gaza”, sendo quatro socorristas atingidos enquanto atuavam em ambulância.
Ainda na nota divulgada hoje, a UNRWA denunciou que, desde sábado (7), quando começou o conflito, registou danos “colaterais e diretos” em cerca de 20 das suas instalações, “incluindo escolas que abrigam civis deslocados que foram atingidos por ataques aéreos”, além da sua sede em Gaza.
“Os edifícios das Nações Unidas, escolas e outras infraestruturas civis, incluindo as que abrigam famílias deslocadas, nunca devem ser atacadas”, frisou a agência do sistema da ONU.
Refugiados
Ainda de acordo com a agência, pelo menos 264 mil pessoas encontram-se deslocadas dentro de Gaza e, desse total, 175,5 mil estão refugiadas em mais de 80 escolas da UNRWA na Faixa de Gaza, enquanto “muitas outras” estão a procura de abrigo em centros de saúde geridos pela agência da ONU.
“Os números continuam a aumentar à medida que os ataques aéreos israelitas continuam. Até agora, 16 pessoas refugiadas em duas escolas da UNRWA ficaram feridas, duas delas com gravidade, como resultado de ataques aéreos nas proximidades”, disse a agência.
Também indicou que muitos dos abrigos estão lotados e “têm disponibilidade limitada de alimentos, outros itens básicos e água potável”, num momento de bloqueio total imposto por Israel contra Gaza que, segundo a ONU, pode resultar numa catástrofe humanitária.
Conflito
O Hamas lançou no sábado passado ataque terrestre, marítimo e aéreo sem precedentes contra Israel a partir da Faixa de Gaza, na maior escalada do conflito em décadas.
O ataque levou Israel a declarar o estado de guerra e a responder com bombardeios contra a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1,2 mil mortos do lado israelita e 1.055 em Gaza, segundo dados atualizados hoje pelas duas partes.
Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza e cortou o abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Todos os pontos de passagem de Gaza estão fechados, o que impossibilita a entrada de combustível para a central elétrica ou para os geradores de que os residentes e os hospitais dependem.
A Faixa de Gaza tem cerca de 2,3 milhões de habitantes, sendo um dos territórios mais densamente povoados do mundo.
O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).