Um primeiro grupo de bebês prematuros retirados do maior hospital de Gaza foi levado para o Egito para tratamento nesta segunda-feira (20), enquanto as autoridades de saúde palestinas disseram que pessoas foram mortas em outro hospital cercado por tanques israelenses.
Espera-se que mais de duas dezenas de bebês atravessem a fronteira, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino e a TV Al Qahera, do Egito. Os recém-nascidos estavam no hospital Al Shifa, no norte de Gaza, onde outros bebês morreram em meio a um colapso nos serviços médicos, parcialmente causado por cortes de energia quando o combustível acabou.
As forças israelenses tomaram o Al Shifa na semana passada, para procurar o que eles disseram ser uma rede de túneis do Hamas construída embaixo dele. Centenas de pacientes, equipes médicas e pessoas deslocadas deixaram o Al Shifa no fim de semana, com os médicos dizendo que foram expulsos pelas tropas e Israel afirmando que as partidas foram voluntárias.
Imagens ao vivo veiculadas pela Al Qahera mostraram a equipe médica retirando cuidadosamente bebês minúsculos de dentro de uma ambulância e colocando-os em incubadoras móveis, que foram então levadas em direção a outras ambulâncias.
Os bebês foram transportados nesse domingo (19) para um hospital em Rafah, na fronteira sul da Faixa de Gaza governada pelo Hamas, para que suas condições pudessem ser estabilizadas antes da transferência para o Egito.
Em um hospital separado, financiado pela Indonésia, o Ministério da Saúde de Gaza disse que pelo menos 12 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos por disparos contra o complexo, cercado por tanques israelenses.
Não houve comentário dos militares israelenses sobre a situação no hospital, onde as autoridades de saúde disseram que 700 pacientes e funcionários estavam sob fogo das forças israelenses.
A agência de notícias palestina Wafa afirmou que a instalação na cidade de Beit Lahia, no nordeste de Gaza, foi atingida por fogo de artilharia. Autoridades de saúde palestinas disseram que houve esforços intensos para retirar os civis para fora de perigo.
A equipe do hospital negou que houvesse militantes armados no local. Israel diz que suas forças em Gaza têm como alvo a “infraestrutura terrorista” e acusa o Hamas de travar a guerra utilizando escudos humanos, inclusive em hospitais. O grupo islâmico nega isso.
“Tivemos informações anteriores de que tanques estavam cercando o hospital indonésio. Infelizmente, as comunicações lá estão quase cortadas”, disse à Reuters Nahed Abu Taaema, diretor do Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza.
“Estamos muito preocupados com o destino de nossos pares e com o destino dos feridos e pacientes, bem como com as pessoas que ainda podem estar abrigadas lá. Nenhuma ambulância pode chegar até eles, e temos medo de que os feridos morram”, disse Abu Taeema.
O Ministério das Relações Exteriores da Indonésia informou que perdeu o contato com três voluntários indonésios no hospital, que fazem parte do grupo que montou a instalação em 2016 com o financiamento de Jacarta.
Assim como todas as outras instalações de saúde na metade norte de Gaza, o hospital indonésio praticamente encerrou suas operações, mas ainda está abrigando pacientes, funcionários e moradores deslocados.
Israel determinou a retirada completa do norte, mas milhares de civis permanecem, muitos buscando abrigo em hospitais. O combustível e os medicamentos estão acabando em todo o enclave, sob o cerco israelense que já dura seis semanas.
No sul, onde milhares de habitantes de Gaza que fugiram do norte do enclave estão se abrigando, pelo menos 14 palestinos foram mortos em dois ataques israelenses a casas em Rafah, de acordo com autoridades de saúde de Gaza. Não houve nenhum comentário israelense imediato sobre o incidente.
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