Autoridades de saúde em Gaza disseram nesta quinta-feira que disparos israelenses contra pessoas que aguardavam ajuda perto da Cidade de Gaza mataram 104 palestinos e feriram 280, com um hospital afirmando que havia recebido 10 corpos e dezenas de pacientes feridos.
Um porta-voz das Forças Armadas de Israel disse que não tinha conhecimento de bombardeios naquele local. Mais tarde, os militares disseram que dezenas de pessoas ficaram feridas em decorrência de empurrões e atropelamentos quando caminhões de ajuda chegaram ao norte de Gaza.
Uma fonte israelense afirmou que as tropas abriram fogo contra “várias pessoas” na multidão que representavam uma ameaça para elas.
O gabinete do presidente palestino Mahmoud Abbas disse que ele “condenou o terrível massacre realizado pelo Exército de ocupação israelense nesta manhã contra as pessoas que esperavam pelos caminhões de ajuda na rotatória de Nabulsi”.
Porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza Ashraf al-Qidra disse que o incidente ocorreu na rotatória de al-Nabusi, a oeste da Cidade de Gaza, na parte norte do enclave.
As equipes médicas não conseguiam lidar com o volume e a gravidade dos ferimentos de dezenas de pessoas que chegavam ao hospital al-Shifa, segundo Qidra.
O chefe do hospital Kamal Adwan na Cidade de Gaza, Hussam Abu Safieyah, disse que recebeu 10 corpos e dezenas de pacientes feridos do incidente a oeste da cidade.
“Não sabemos quantos estão em outros hospitais”, afirmou Safieyah à Reuters por telefone.
O Hamas advertiu em um comunicado que o incidente poderia levar ao fracasso das negociações que visam um acordo sobre uma trégua e a libertação de reféns.
“As negociações conduzidas pela liderança do movimento não são um processo aberto às custas do sangue de nosso povo”, disse, referindo-se às mortes de quinta-feira e dizendo que Israel seria responsável por qualquer fracasso nas negociações.
A guerra em Gaza começou quando o Hamas enviou combatentes para Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns, de acordo com os registros israelenses. As autoridades de saúde de Gaza dizem que 30.000 pessoas foram confirmadas como mortas no enclave desde então, com milhares de outras supostamente enterradas sob escombros.
Vídeos publicados nas mídias sociais mostraram caminhões carregando muitos corpos. A Reuters verificou a localização de um vídeo na rotatória de al-Nabulsi, que mostrava vários homens imóveis, bem como várias pessoas feridas.
Outro vídeo, que a Reuters não conseguiu verificar, mostrava pessoas ensanguentadas sendo transportadas em um caminhão, médicos tratando pessoas no chão de um hospital e corpos sendo embrulhados em mortalhas.
“Não queremos ajuda assim. Não queremos ajuda e balas juntas. Há muitos mártires”, disse um homem em um vídeo.
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