O governo federal enviou nesta sexta-feira (18) uma equipe para acompanhar os desdobramentos do assassinato da liderança quilombola Maria Bernadete Pacífico, morta nesta quinta-feira (17) a tiros em sua casa no Quilombo Pitanga dos Palmares, no município Simões Filho (BA).
Equipes dos ministérios dos Direitos Humanos, da Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública acompanham no local a situação da comunidade. Em nota, a pasta dos direitos humanos afirmou que a equipe deve se certificar que “todas as providências necessárias sejam tomadas”. O MJSP, em nota, disse que lamenta a morte de Maria Bernadete, “importante liderança religiosa e quilombola” e informa que representantes do ministério compõem a comitiva do governo federal que está na Bahia para apoio ao governo local.
O Ministério da Igualdade Racial informou, também em nota, que está em contato com as autoridades locais para que o caso seja apurado da melhor forma. “É preciso que as investigações sejam feitas com celeridade e com a máxima diligência, já que o assassinato de uma líder religiosa é uma violência contra todo um povo”, afirmou o MIR.
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, falou à Agência Brasil que esse assassinato é inadmissível e que a pasta vai estar na Bahia para “ouvir a comunidade e auxiliar, junto aos órgãos competentes, a dar uma solução de um crime tão bárbaro”.
O caso
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia disse que as informações preliminares indicam que dois homens, usando capacetes, entraram na casa da vítima e efetuaram disparos com armas de fogo. O órgão pede para que denúncias sobre o caso sejam enviadas, com toda sigilo, ao telefone 181 (Disque denúncia da SSP).
Maria Bernadete era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, assassinado há quase seis anos, no dia 19 de setembro de 2017.
Maria Bernadete era também coordenadora-executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A Conaq vinha denunciando ameaças, perseguições e intimidações aos moradores do Quilombo Pitanga dos Palmares. A Conaq acredita que a disputa por terra e água em torno do quilombo tem motivado a violência contra as lideranças locais.
Levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, realizado com apoio das secretarias de segurança pública estaduais e divulgado em junho deste ano, já apontava a Bahia como o segundo estado do Brasil com mais ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais. Atrás apenas do Pará, a Bahia registrou 428 vítimas de violência no intervalo de 2017 a 2022.
Edição: Maria Claudia