As abelhas desempenham um papel indispensável nos ecossistemas naturais e agrícolas, contribuindo significativamente para a reprodução de plantas e a produção de alimentos. Estudos como o “Declínio populacional das abelhas polinizadoras: Revisão” de Paulo Vitor Divino Xavier de Freitas, e “As abelhas e seu serviço ecossistêmico de polinização” de Deise Barbosa Barbosa, exploram a relevância ecológica e econômica das abelhas. Ambos os trabalhos fornecem uma compreensão abrangente dos desafios enfrentados pelas abelhas e destacam suas contribuições essenciais para a sustentabilidade global.
A importância da polinização
De acordo com Barbosa et al. (2017), “a polinização é uma etapa fundamental do processo reprodutivo das plantas”, sendo responsável por cerca de 10% do PIB agrícola global. Além disso, as abelhas, principais agentes polinizadores, garantem a variabilidade genética e a produção de culturas alimentares de alta qualidade. Freitas et al. (2017) corroboram essa importância ao afirmar que “as abelhas contribuem diretamente para a conservação da biodiversidade vegetal e para a segurança alimentar”.
Abelhas e sustentabilidade: serviços ecossistêmicos prestados pelas abelhas
As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 85% das plantas com flores, conforme relatado por Roberto et al. (2015) no estudo de Barbosa et al. (2017). Esse processo é essencial não apenas para a agricultura, mas também para a preservação dos ecossistemas naturais. Além disso, “a presença de abelhas indica qualidade ambiental e, portanto, a perda deste inseto ameaça inclusive a saúde ambiental dos ecossistemas existentes” (Barbosa et al., 2017).
Entre as espécies de abelhas, as nativas sem ferrão (Meliponinae) destacam-se pela polinização de até 90% da flora nativa brasileira (Kerr et al., 1996, citado por Barbosa et al., 2017). Essa interação benéfica entre abelhas e plantas é descrita como “um exemplo clássico de mutualismo ecológico” (Freitas et al., 2017).
Ameaças ao declínio populacional das abelhas
Diversos fatores ameaçam a sobrevivência das abelhas, incluindo a perda de habitat, uso excessivo de pesticidas, doenças e mudanças climáticas. Por exemplo, Barbosa et al. (2017) ressaltam que “50% do pólen coletado no Brasil possuem traços de agrotóxicos”, prejudicando gravemente as colônias. Freitas et al. (2017) destacam ainda que “a exposição a pesticidas sistêmicos prejudica o desenvolvimento da colônia e a qualidade de seus produtos”.
Abelhas em risco: pesticidas e poluição do ar
A exposição das abelhas a pesticidas e poluentes atmosféricos representa um desafio crítico para sua sobrevivência. De acordo com Barbosa et al. (2017), o uso indiscriminado de pesticidas, como neonicotinoides, causa efeitos neurotóxicos nas abelhas, levando à desorientação e à redução de suas capacidades de forrageamento. Além disso, a poluição do ar interfere nos sinais químicos emitidos pelas plantas, essenciais para que as abelhas localizem fontes de néctar e pólen (Freitas et al., 2017). “Esses sinais mistos tornam as abelhas menos eficazes na polinização e aumentam o esforço necessário para encontrar alimento” (Barbosa et al., 2017).
Estudos indicam que as colônias expostas a ambientes contaminados apresentam alta mortalidade, comportamento alterado e menor produtividade. Segundo Cox e Wilson (1984, citado por Barbosa et al., 2017), “abelhas expostas à permetrina perdem sua capacidade de orientação e não conseguem retornar à colônia, o que compromete sua sustentabilidade a longo prazo”. Por isso, esses problemas reforçam a necessidade de regulamentações mais rigorosas para o uso de pesticidas e a redução de poluentes atmosféricos.
Principais agrotóxicos utilizados na soja e suas correspondentes alternativas biológicas
No cultivo da soja no Brasil, o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas é tradicionalmente realizado com o uso de agrotóxicos. Contudo, práticas mais sustentáveis têm promovido a substituição desses produtos por alternativas biológicas.
1. Herbicidas para controle de plantas daninhas
- Glifosato: É o herbicida mais utilizado no Brasil, representando 62% do total de herbicidas aplicados, especialmente em culturas como soja, milho e trigo.
- Alternativa Biológica: O uso de bioherbicidas, que são produtos derivados de microrganismos ou extratos vegetais, oferece uma opção menos agressiva ao meio ambiente. Por exemplo, extratos de plantas com propriedades alelopáticas podem inibir o crescimento de ervas daninhas.
2. Inseticidas para controle de pragas
- Clorpirifós: Utilizado no controle de diversas pragas, como lagartas e percevejos, em culturas de soja.
- Alternativa Biológica: A aplicação de fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, atua no controle biológico de insetos-praga, infectando e matando esses organismos de forma natural.
- Lambda-cialotrina: Inseticida empregado contra lagartas e outros insetos mastigadores.
- Alternativa Biológica: A introdução de parasitoides, como vespas do gênero Trichogramma, que parasitam ovos de pragas, reduzindo sua população antes que causem danos significativos às lavouras.
3. Fungicidas para controle de doenças
- Mancozeb: Fungicida utilizado no controle de doenças fúngicas, como a ferrugem asiática da soja.
- Alternativa Biológica: A aplicação de fungos antagonistas, como Trichoderma spp., que competem com patógenos por espaço e nutrientes, além de produzirem substâncias que inibem o crescimento de fungos causadores de doenças.
Uso de insumos biológicos no cultivo da soja
No cultivo da soja no Brasil, os insumos biológicos desempenham um papel crucial na promoção de práticas agrícolas sustentáveis e no aumento da produtividade. Entre os principais exemplos estão:
- Inoculantes de Bradyrhizobium spp.: Essenciais para a fixação biológica de nitrogênio (FBN), reduzem a necessidade de fertilizantes nitrogenados sintéticos.
- Coinoculação com Azospirillum spp.: Potencializam a FBN e estimulam o crescimento radicular.
- Bactérias do Gênero Bacillus: Atuam como bioestimulantes e agentes de controle biológico.
- Fungos Trichoderma spp.: Eficazes no controle de fungos fitopatogênicos e no desenvolvimento de raízes saudáveis.
- Micorrizas Arbusculares: Melhoram a absorção de nutrientes, especialmente fósforo.
A adoção dessas alternativas biológicas não só reduz a dependência de agrotóxicos, mas também promove a sustentabilidade agrícola, preservando o equilíbrio ecológico e a saúde humana.